Um rumo para o Álcool

09/11/2009 16:20

 
Bem ou mal, o pró-álcool, política de incentivo ao uso do etanol como combustível de veículos instituído pelo governo brasileiro durante a década de 70, criou a cultura no País para o hábito de alternativas à gasolina.

O programa passou a definhar na medida que o preço internacional do petróleo baixava, tornando o álcool combustível (no caso, a gasolina) pouco vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor. Para agravar o problema, o preço do açúcar começou a aumentar no mercado internacional na mesma época em que o preço do petróleo baixava, fazendo com que fosse muito mais vantajoso para os usineiros produzir açúcar no lugar do álcool.

Veio a década de 90, os anos 2000 e a tecnologia flex, e aí não foi preciso incentivo governamental algum para a volta do uso do álcool no Brasil. Que o diga a região de Ribeirão Preto, que teve seu desenvolvimento econômico nos últimos anos calcado no setor sucroalcooleiro.
No entanto, o mercado do etanol parece entrar atualmente em um caminho perigoso. Oscilações de preço no produto são comuns todos ano a ano —principalmente pela relação de oferta e demanda e regulação dos estoques no período de entressafra. Mas a relação de preços entre álcool e gasolina alcançou, em São Paulo, no mês passado, o nível mais alto desde abril de 2006.

Os produtores colocam a culpa no excesso que chuvas, que prejudica a produção e reduz a oferta, elevando os preços diante da demanda cada vez maior (ainda mais em tempos de isenção de IPI para venda de veículos). Os revendedores dizem que precisam manter a margem de lucro tem-se o cenário completo: preço nas alturas, consumidor insatisfeito e queixas, muitas queixas.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), já não compensa abastecer com álcool em dez Estados brasileiros. Em São Paulo, o etanol vale 61% do preço da gasolina (segundo especialistas, a relação deve ser de 70% para deixar de ser compensatória).

Se os produtores estiverem falando a verdade, e a chuva tiver de fato prejudicado a produção, então talvez seja hora do governo federal rever a tributação sobre o etanol para evitar o risco do produto cair em esquecimento, assim como aconteceu com o pró-álcool. Afinal de contas, o pré-sal está aí, e muito petróleo vai jorrar —com chuva ou sem.

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